segunda-feira, 14 de abril de 2008

Em Barcelona, sobre o olhar de Gaudí

Corro o sério risco de este texto vir a ser mais um entre tantos sobre a experiência da mobilidade ERASMUS porque quando nos deixamos levar pelas experiências, sentimentos, emoções e amizades pode acontecer que tudo saia desvirtuado. Faz precisamente agora dois meses que deixei a Maia rumo à capital catalã, rumo à minha cidade de eleição, rumo a uma das cidades mais bonitas e completas do mundo. Barcelona é desde sempre um pólo de atracção em termos empresariais, educacionais e culturais. A cidade respira movimento 24h por dia, alimenta sonhos de desconhecidos que nela querem vingar e transmite segurança e conforto a todos os que nela depositam as suas vidas. Haverá melhor cenário para um ERASMUS? Claro que não. A aventura, a ansiedade e a curiosidade são três conceitos que definem toda uma experiência que Barcelona possibilita como nenhuma outra cidade. Desde Montjuic a Diagonal Mar, de Tibidabo a Port Vell, a cidade promove uma oferta inigualável de turismo para todos os gostos, uma possibilidade de descoberta constante.
Barcelona oferece, entre outros, três grandes pólos universitários de referência. A Universitat Autònoma de Barcelona - UAB, onde me encontro, tem ruas interiores com sinalização própria, mais de quatro (enormes) bibliotecas, painéis solares que asseguram a quase totalidade da energia necessária, uma agência bancária, um supermercado, uma agência de viagens, uma escola de condução, restaurantes, cinema, etc… tudo no interior de um campus que seguramente consegue absorver todos os pólos da Universidade do Porto, um campus que é uma cidade quase nos limites da auto-suficiência. Não quero de maneira alguma com este texto provocar a mesquinhice política ou entrar em comparações com aquilo que, infelizmente, em Portugal (o país mesmo ao lado!) não temos, nem deveremos ter tão cedo, mas a verdade é que o ERASMUS também é a oportunidade de percebermos de facto aquilo que nos aproxima e nos distancia dos outros. Seremos mentecaptos se não percebermos isso e eu nestes dois meses já reconheci muito valor ao meu país, já defendi a minha cidade com todas as forças, mas há coisas que ainda dão que pensar porque é que em Portugal ainda não é assim. Sinto vergonha de Portugal? Não, mas a verdade é que também não sinto um orgulho do nosso presente e não tenho umas saudades loucas de voltar. Portugal e quem o governa, tem de perceber que já não dispõe há algum tempo de legitimidade para continuar a dizer à velha Europa que “desculpem, mas ainda não fomos capazes”… Por favor, não somos pior que os outros, nós quando acreditamos somos capazes do melhor! É nisto que é preciso acreditar, é isto que é preciso transmitir às nossas gerações!
Este texto é também um alerta para todos aqueles da minha idade que têm dúvidas sobre a mobilidade. Rapaziada, fazer ERASMUS é muito mais que uma oportunidade de “sair” daquilo que conhecemos, muito mais do que dizer que já estudamos noutro país. A mobilidade representa uma importante descoberta do que está à nossa frente e teimamos em não querer ver, uma elevação pessoal, uma melhoria extraordinária em termos sociais e, muitas vezes, o desabar de verdades que consideramos absolutas. Acreditem que não se arrependerão e que tudo aquilo que aprenderem vai seguir convosco para o resto da vida. Tornar-se-ão pessoas melhores, com uma mente mais aberta e com uma capacidade de visão alargada sobre tudo o que vos rodeia. A mobilidade tem por inerência a facilidade de nos conceder competências e qualidades que nenhuma disciplina, de seja qual for o curso ou universidade do país de origem, nos poderá transmitir. Não pensem que a mobilidade ERASMUS é umas férias pagas ou um bilhete único para todas as festas em que tropeçamos. O ERASMUS é muito mais que isso… poderá ser o início.

Manuel Oliveira
JSD Maia

2 comentários:

jcastromaia disse...

e com sensura!

JSD Maia disse...

Caro Castro Maia
E com sensura o quê?